no caminho // trilha 2: fazer casa, criar raízes
notas e conversas sobre Practicing the Way
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Oi, amig@s! Estamos juntos No Caminho, a newsletter de formação espiritual e discipulado aqui do LADO B. Esta é a segunda carta sobre o livro Practicing the Way.
Na primeira trilha do Caminho falamos sobre quem estamos nos tornando, sobre o cristianismo que reduz a pessoa de Jesus e sobre o fato da vida que Ele oferece ser um longo caminho.
Na trilha de hoje conversaremos não sobre o primeiro passo, mas a primeira condição para esta jornada: estar com Jesus.
Fazer casa
De início, Jesus não chamou seus aprendizes para fazerem algo, mas estarem com alguém. Com Ele mesmo. A comunhão é pressuposto para a imitação de Cristo e a missão cristã.
Ao falar sobre isso, Jesus, com mais uma de suas poderosas metáforas, fala sobre criarmos raízes. Nele, que é a Videira verdadeira. Ou, em outras palavras, habitar nele. Fazer casa em Cristo.
E como bem aponta John Mark Comer, mais uma vez a questão não é se estamos ou não enraizados em algo, mas onde nossas raízes estão firmadas.
Todos nós temos uma fonte na qual estamos enraizados, uma espécie de configuração padrão à qual retornamos. Um lar emocional. É para onde nossa mente vai quando não está ocupada com tarefas, onde nossos sentimentos vão quando precisamos de conforto, onde nosso corpo vai quando temos tempo livre e onde nosso dinheiro vai depois de pagarmos as contas. Faremos nossa morada em algum lugar; a questão é: "Onde?" E isso importa, porque aquilo em que "permanecemos" determinará o "fruto" de nossas vidas, seja para o bem ou para o mal. — John Mark Comer
Casa é o lugar pra onde sempre voltamos — nos momentos de alívio, de tensão ou de deleite. Fazemos casa em Cristo quando, bem onde estamos, aprendemos a viver na intersecção entre o chão e a eternidade.
Criar raízes, habita, fazer casa, permanecer.
Casa é também onde, na maior parte do tempo, incubamos nossos hábitos.
Deus, um hábito
A vida com Deus não é uma ideia abstrata. Habitar em Jesus soa belíssimo, mas pode não passar de um sentimentalismo espiritual: não muda nada em você. Seguimos de onde estamos: a uma distância segura da Pessoa que pode nos transformar pessoalmente.
É por isso que John Mark sugere que nos tornamos aprendizes de Jesus de fato quando Deus se torna um hábito para nós — aquilo que “fazemos sem pensar.”
Escovar os dentes pela manhã, rolar o feed do Instagram sem objetivo nenhum, deixar o lixo acumular, pular a abertura de uma série, almoçar com a família aos domingos. Seja o que for.
Nosso cotidiano é composto por um emaranhado de grandes e pequenos hábitos que, ainda que externos, nos moldam internamente. Esses hábitos revelam as prioridades do nosso coração.
Mostre-me os hábitos de uma pessoa, e eu lhe mostrarei pelo que ela é verdadeiramente mais apaixonada, mais dedicada, mais disposta a sofrer e o que mais ama. — John Mark Comer
Consigo pensar numa série de coisas que sinto e faço inconscientemente — hábitos invisíveis, discretos, porém poderosos. E eles não costumam ter a ver com Jesus. Minha mente tende a vagar pelas minhas ansiedades, medos e distrações.
A boa notícia é que no caminho do discipulado aprendemos a treinar as nossas mentes para o que traz vida de verdade enquanto a vida acontece: habitar na presença de Deus. Ou, como disse Irmão Lourenço, monge do século XV, “praticar a presença de Deus”.
Tornar Deus um hábito — treinar a sua imaginação para fazer casa nele — significa, antes de mais nada, descobrir e contemplar o amor por Ele revelado.
PARTE 3 | Amar e ser amado
Meditar no amor de Deus fez mais para aumentar o meu amor do que décadas de esforço para tentar ser mais amoroso. Permitir-me experimentar profundamente o Seu amor, dedicar tempo para mergulhar nele e deixá-lo me transformar começou a trazer mudanças que eu já havia perdido a esperança de experimentar. Voltar a Deus em meus fracassos no amor, lançar-me em Seus braços e pedir que Ele me lembre o quanto me ama como sou — é aqui que começo a experimentar novos níveis de amor para oferecer aos outros. — David Benner
Redirecionar os pensamentos para Jesus vai além de uma técnica para pensar positivamente. É mais sobre pertencer intimamente a Cristo. No vocabulário da espiritualidade clássica, é o que chamam de contemplação — parar para ver.
Sabe a experiência de estar diante de algo tão belo que não restam opções a não ser repousar o olhar sobre aquilo?
No caminho de Jesus, a observação atenta se torna comunhão vital.
Contemplamos a beleza, a bondade e a verdade dele — toda a sua glória — e com isso somos transformados. John Mark explica:
Nenhuma família de origem é suficientemente saudável para nos transformar no tipo de amor que vemos em Jesus, e nenhuma família é tão disfuncional a ponto de nos impedir de nos tornarmos pessoas de amor em Jesus. Todos nós temos o potencial de crescer e amadurecer como pessoas de ágape. Mas, para isso, precisamos experimentar o amor de Deus. — John Mark Comer
Ser contemplativo é difícil. Orar contemplativamente é radicalmente contracultural. Isso porque nos habituamos a consumir seja lá o que passa pelo nosso olhar.
Hoje, olhar é uma moeda de troca. Esperamos que as redes sociais, as nossas tarefas, as pessoas e até Deus recompensem a nossa atenção. Mas Ele é a recompensa em si mesmo.
Quando contemplamos o amor em Pessoa aprendemos a ser pessoas que amam.
Para guardar ❤️
Eu sou a videira, e vocês, os ramos. Se alguém permanecer em mim, e eu permanecer nele, esse dará muito fruto, pois sem mim vocês não podem fazer nada. — João 15:5
Assim, todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, estamos sendo transformados segundo a sua imagem com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito. — 2Coríntios 3:18
Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado. — Salmos 16:8
Oração e envio 🙏🏻
Pai, tento fazer casa em muitos lugares. Nesta semana, enquanto caminho, me ensine a habitar em Jesus, permanecer no Senhor. Me ajude a curar meus hábitos em resposta ao seu amor. Me ensine a te amar e contemplar. Abra os meus olhos e o meu coração. Em Cristo, amém!
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Estou trabalhando em novos conteúdos e projetos pra criar um espaço ainda mais legal pra gente continuar nossas conversas sobre fé, cultura e arte. Então, já sabe:
Que edição preciosa! Muito edificante. Essa questão de hábito como formador de quem somos me lembrou muito James K. A. Smith.
espero que esse livro seja lançado traduzido em pt logo logo :)
De fato, o "contemplar" tem sido algo escasso e difícil de se ter o hábito. Obrigada por me lembrar da importância dele!